Teletrabalho em tempos de contingência: visão da Colômbia
Crises, movimentos sociais, epidemias ou catástrofes naturais tornam-se frequentemente aceleradores para a mudança no ritmo de vida da sociedade e das suas prioridades. Regra geral, situações difíceis contestam a estratégia das organizações e, por vezes, também vêm carregadas de decisões que ainda não estão muito familiarizadas ou que não foram vistas como uma opção viável a curto prazo.
Neste sentido, a emergência global do coronavírus (Covid-19) pode mudar, entre outros aspetos, a dinâmica laboral de um grande número de empresas. A necessidade urgente e instituível de medidas de estação social e de quarentena estabelecidas na Colômbia e noutros países da América Latina obrigou as empresas a entarizar os seus esforços no sentido da implementação de trabalhos remotos nos seus colaboradores, a fim de prosseguir o funcionamento dos seus negócios em tempos de crise.
No entanto, se virmos o copo meio cheio, esta pode ser uma oportunidade para que o teletrabalho seja instalado permanentemente e sustentado ao longo do tempo; não só para fazer face a novas contingências, mas para obter os muitos benefícios económicos, sociais e ambientais que a acompanham.
Na Colômbia, o teletrabalho define-se como: "uma forma de organização laboral, que consiste no exercício de atividades remuneradas ou na prestação de serviços a terceiros utilizando tecnologias de informação e comunicação (TIC) como apoio ao contacto entre o trabalhador e a empresa, sem exigir a presença física do trabalhador num local de trabalho específico". (Artigo 2.º, Lei 1221 de 2008).
De acordo com o IV Estudo sobre a Penetração de Teletrabalho em Empresas Colombianas, liderado pelo Ministério da Informação e Tecnologias de Comunicação (MinTIC), o país multiplicou por quatro o número de teletrabalhos de 31.553 em 2012 para 122.278 em 2018; Bogotá e Medellín são as cidades com mais pessoas a trabalhar sob esta modalidade. Da mesma forma, o número de empresas que reportam processos de teletrabalho atingiu 12.912 em 2018.
Embora o crescimento do teletrabalho na Colômbia tenha sido sustentado, o seu âmbito de aplicação continua a ser muito baixo em comparação com outros países da região. Como exemplo, a Argentina tem dois milhões de teletrabalhos e o Brasil ultrapassa os 7,5 milhões de trabalhadores remotos. (Relatório do Estado do Telework na América Latina e nas Caraíbas 2017)
O Ministério das Tecnologias da Informação e das Comunicações (MinTIC), através do seu Livro Branco. O ABC de teletrabalho na Colômbia observa que este tipo de emprego representa rendimentos e crescimento mais elevados para as organizações, graças ao aumento da produtividade e à redução dos custos fixos. Indica também que o desempenho e a qualidade de vida dos trabalhadores melhoram significativamente e incentivam o trabalho em equipa. Contribui para a redução da pegada de carbono, das taxas de poluição e dos níveis de tráfego nas cidades. Impulsiona igualmente a utilização e a apropriação de novas tecnologias.
Este último é um dos aspetos mais importantes na formalização do teletrabalho, uma vez que a definição das infraestruturas e plataformas tecnológicas adequadas de acordo com as necessidades particulares das empresas é essencial para a realização dos objetivos. Estes desenvolvimentos tecnológicos digitais devem visar assegurar que seja possível operar a partir de qualquer dispositivo, garantir redes seguras e otimizar a execução de atividades empresariais.
Tenha em mente que a adoção de teletrabalho não se limita apenas à incursão de novas tecnologias, as empresas devem também abordar dois outros grandes desafios sem os quais não seria possível realizar com êxito este modelo:
1) Gestão da mudança na cultura organizacional, desde as suas formas de fazer até às suas formas de avaliar, priorizar resultados, cumprir metas e gerir o tempo; sob dinâmicas laborais que reforçam a confiança, colaboração, comunicação e autonomia.
2) Rever e ajustar a política jurídica, jurídica e fiscal que rege o teletrabalho no país às condições da empresa relativamente aos horários, remunerações, riscos profissionais e ao cumprimento.
Em conclusão, as organizações que gastam tempo e recursos para conceber e executar uma estratégia abrangente e criteriosa em torno de espaços de trabalho digitais com modalidades flexíveis e remotas terão ferramentas suficientes para reagir de forma rápida, rápida e eficiente a ambientes sociais imprevisíveis como o de hoje. Porque a única coisa constante neste mundo é a mudança.
Eliana Benavides Fonnegra
Comunicador Social, Especialista em Economia e Desenvolvimento Social